A solidão dos amigos presentes
art by PAWEL KUCZYNSKI
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Desde 2008
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Ontem, numa viagem de carro, o meu filho perguntou-me quais as doenças que não tinham cura. Eu mencionei as que sabia. Ele disse que a pior era Alzheimer.
Concordo.
Não saber quem somos, quem amámos, o que vivemos, onde estamos, é a dor de alma maior. A medicação atenua a dor física de um doente terminal, mas a perda de consciência é a verdadeira morte.
Perguntei a alguém que passou por essa situação: " Quem somos quando nos esquecemos de tudo?" A resposta foi um verdadeiro murro no estômago:
"Não somos ninguém."
Saltita.
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Todos os dias aparecem nas notícias histórias de animais que salvam os donos. Desde ir buscar ajuda no capotamento de um carro, a manter o corpo do alpinista ferido aquecido durante 13 horas numa gruta, ao cão-guia que tirou o dono cego das Torres Gémeas e ao que esperou todos os dias junto ao comboio mesmo depois do dono ter falecido (o célebre Hachiko).
Mas todos os dias, mesmo sem histórias heróicas, os animais salvam-nos. O olhar doce, a cauda a abanar, o focinho que pede beijos. Todos os dias os animais salvam-nos da tristeza.
São a nossa companhia, a fonte de uma alegria pura e, às vezes do único, ou do maior, sorriso que damos.
A humanização dos animais é algo que me incomoda, pois quando pomos as coisas nesses termos os animais deixam de ser animais. E é isso que eles precisam de ser, porque não é suposto serem mais nada além disso. O problema não está neles, mas nos humanos que deixaram de viver a sua humanidade.
Saltita
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Deixei-as secar,
pétalas caídas como palavras esquecidas sem momento de falar
Deixei-as morrer em vida em cores desmaiadas sem tempo de acordar
As rosas não morrem em mim
São cheiros coloridos cor de carmim
As rosas são eternas
porque o amor é assim
Saltita
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All round is haste, confusion, noise.
For power and wealth men stretch the day
From dawn till dusk.
But quietly I go my way.
For glitter, show, to taunt the crowd,
Desire-tossed in wild dismay,
Men sell their souls.
But quietly I go my way.
The green of all the fields is mine;
The stars, the night, the wind at play,
A peaceful heart, while quietly
I go my way.Max Ehrnman
Poderia ser uma canção do Sinatra, mas é muito melhor. Ir pelo nosso caminho é muito melhor que fazer tudo à nossa maneira (my way). Simplesmente porque a nossa maneira pode não ser a melhor, mas se seguirmos o próprio nosso caminho pertencemos apenas à nossa liberdade e não à imposição dos outros. Fazer tudo à nossa maneira pode ser apenas uma forma de vingança, de manifestação do ego. Seguir o nosso caminho é desprender-se das consequências da nossa decisão. Fazer tudo à nossa maneira é tentar gritar mais alto que o barulho dos outros. Seguir o nosso caminho é viver na paz de um coração sossegado.
Por isso, I go my way. Vemo-nos no caminho.
Saltita
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Não fazia ideia. Fui pelos atores. O Tim Roth de “ Lie to me”, sempre docemente crú e incisivo, foi talhado não para esse mas para ESTE papel que no mundo das coisas certas lhe valerá um Oscar para melhor ator secundário. O Clive Owen, um ator de feições fortes e personagens vincadas pela perfeição de quem sabe representar. Depois, veio o filme. Presa à trama, ao conforto do meu sofá e ao quentinho da minha gata, segui passo a passo o caminho para o violinista desaparecido. Encontrei-o mergulhado no talento de quem não se perdeu, mas apenas se encontrou no meio do esquecimento. Um mergulho, sim, na história de um homem dissolvida num povo que é afinal o tal momento na história de todos nós: a grandeza da nossa profunda fragilidade humana.
Um filme sobre a importância da memória, que se torna em si uma obra de arte inesquecível.
Recomendo.
Saltita
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Nesta imagem cabem os nomes dos jovens que perderam a vida na ilha de Utoya no dia 22 de Julho de 2011. Estavam num acampamento e pertenciam ao Partido Trabalhista norueguês. Um homem disfarçado de polícia rumou até à ilha e começou a abatê-los a tiro. Influenciado por ideias de extrema direita achou que tinha o dever de eliminar todos os que estavam a destruir a "pureza racial" da Noruega, sobretudo os muçulmanos que a estavam a "invadir".
Porque falo sobre isto? Porque foi na Noruega. Um dos países com melhor qualidade de vida do mundo. Poderia ser em qualquer lugar. Pode voltar a acontecer. Em qualquer lado e sempre que o desespero e a ignorância tomem o lugar da empatia.
Estoicamente, quatro anos depois, os jovens, entre os quais sobreviventes, voltaram ao acampamento de Utoya e todos os anos continuam a reunir-se para conviver e debater ideias. Não querem viver do medo do que aconteceu. Querem criar uma sociedade onde nunca mais aconteça.
Acredito que certas ideologias políticas, sobretudo as dos extremos, e algumas formas de associação partidária têm os dias contados.São elas que iludem as pessoas e dão guarida a criminosos. Mesmo que não peguem em armas, matam os sonhos de todos os que querem viver em paz , democracia e prosperidade. Serão substituídas por movimentos cívicos dirigidos por pesssoas que se vão unir de acordo com as suas competências para criar soluções. Uma nova classe de dirigentes que se senta à mesa para resolver problemas reais das pessoas e onde o extremismo não tem lugar porque simplesmente não é solução.
O que acontece aqui todos os anos é exemplo da coragem, da resiliência e da atitude de co-criação de uma sociedade que se salvará pela educação e pela empatia.
Estas são as lições de Utoya.
Saltita.
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Sou apaixonada por viagens. Não pelo prazer de viajar, mas pela descoberta de lugares, sobretudo lugares que guardem histórias. As histórias e as memórias das pessoas que lá viveram. Se a história delas tocou a história do mundo, ainda mais apelativo se torna para mim. Têm sido difíceis estes tempos em que não podemos circular. Mas por que não fazer planos para futuras viagens ?
Um dia um artista perguntou-me por que razão Maria Antonieta tinha sido decapitada. E, sem esperar a minha resposta, avançou em tom intrépido com um " porque não tinha cabeça!". Soltei um sorriso tímido perante o trocadilho macabro. Anos mais tarde, numa visita a Paris decidi ir a Versalhes e descobri este lugar. Chama-se Hameau de La Reine e foi um local onde a rainha queria viver com simplicidade, como se fosse uma camponesa, longe dos exageros da corte.
Parece uma contradição que a rainha considerada a mais fútil de todas, a que exclamou "comam bolos" quando os populares famintos pediam comida junto às grades do palácio, tenha decidido ou pelo menos pensado, em viver como uma pessoa simples. Diabolizada pela sociedade,como tantas,por ser mulher, bonita, sensual e viver rodeada de riquezas. Nascida e educada na exuberante corte austríaca, foi programada para saber ser bonita, saber conversar, rir, comer, dançar, mover-se protocolarmente e cumprir as suas funções de esposa e mãe em troca de uma aliança política com a sua terra natal. Assim foi entregue com tenra idade algures numa fronteira com França. Assim cumpriu as suas funções até lhe serem tirados os filhos dos braços e ter sido julgada sem direito a defesa num tribunal revolucionário por homens que a usaram como trunfo político. Já não era Maria Antonieta. Era apenas a Viúva Capeto, acusada de incesto e de causar todos os males da França.
Voltando ao lugar belo que ao contrário do final da história de Maria Antonieta continua belo, o mesmo situa-se nas imediações de Versalhes e é composto por uma casa rústica, um jardim e um lago. No percurso que nos conduz até lá existe uma longa estrada de terra, rodeada de um verde magnífico onde pastam animais.
Um lugar idílico em que submergimos numa energia boa, bucólica e simplesmente bela; quase tão idílica como a vida que teria nascido para viver não fosse o seu destino outro. Diz-se que nas noites de verão ainda se ouvem os risos dos que ali foram felizes e uma dama é visto a atravessar a ponte.
Tire um dia para visitar o Palácio de Versalhes ( duas horas de comboio a partir de Paris) e perder-se na beleza dos jardins e nas diversas construções existentes nas imediações incluindo uma jóia chamada Petit Trianon, um presente do rei para a rainha que gostava de flores. Por apenas 27 euros pode comprar online um bilhete, evitando assim as filas, que lhe dá acesso a todos estes lugares especiais.
Para mais informações visite o site Château de Versailles | Site officiel (chateauversailles.fr)
Bon voyage (assim que possível)!
Saltita!
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De frente
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Compreender as nossas sombras é entender o caminho para casa
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